*dança das gratidões*
esse é o nosso tesouro
horizontes onde o rol das forças se dançam
trombam no espaço almo das fronteiras
abraços, beliscões, carícias e espinhos
o nosso tesouro de valsa com os vendavais
somos, então, livres pra apre(e)nder
o efeito tardo do que gozamos por outro
o espanto árduo do que doemos no outro
e no outro nos dói
as folhagens farfalhamos ditosos
saudosos das nuvens que no verde espelhamos
pois um dia fomos no primeiro encontro de
duas miradas
uma doutra segunda
assim por diante
radiantes coreografias…
sou grato por cada instante de nós
duas gotas-ilha
outras gotas-ilha
pelo mal e pelo bem
o agrado pra dois tão perfeito
o ferido pra um, invisível
em cada um de nós
e cantemos:
“subiu a mina de azul…
são seus olhos luzeiros…
a aurora vem do seu quintal…
abri meus olhos pra mim mesmo…
para o melhor e o seu destino…
indivíduos divididos…
conte comigo, por favor…”
assim por diante
vadiantes melodias…
sou grato pelo baú de lições
no côncavo das mãos dadas
e as multidões dos apelos:
as crianças interiores
por vezes saem pra se acusar
de umas e outras não verem
o que lhes falta
perdoar, pois somos em cheio aprendizes
reaprender o que os egos se reprimem:
- com licença…
por favor…
me desculpe…
obrigado…
sou grato por todos gestos reagidos
até a ruptura que, por enquanto, deixemos
a sua lição nos ensine:
tão precioso quanto o que nos une
é o que porventura nos divide
e assim por diante até
que lá adiante saibamos ser fé
reaprender se preciso…
tmm
15.12.2022