Ação de desgraças
No átomo a que seus dias se resumiam
todos se voltaram para o deserto que se escoou em ausência
se digladiavam pelo ponto de vítima privilegiado
guinchando absurdos cortantes
dissimulações de um desespero comungado
Obviamente para quem olhasse de fora
golpes confundidos numa algaravia de torções
davam ânimo ao mesmíssimo oco em tantos corpos
famintos daquela aridez ali estirada
ao alcance do olhar das línguas
provocante substrato da mais plena vaziez
Cindidos em dois grandes grupos mal encarados
desejosos de conter o derrame em seu poder ou dolência
ninguém atinava o que lhes sobrevinha com brutal solidez
A gana retrospectiva lhes figurava
a conquista da razão esgotada em seus crânios
Assim, debruçavam-se naquele fosso horizontal de mágoas e saudades
Para muitos o deus vindouro perdera os sentidos
entre miragens confiantes
Nesse ínterim furioso de fraquezas
o que ainda havia por escoar era demasiado penoso
para que não aspirassem o cicatrizado e o perdido
Prosseguiriam tensos em sua disputa pelo intangível
até que lhes transpassasse
a urgência imparcial do soco
Logo abaixo você pode interagir com nossa equipe de poetas
através de claps (que vão de 1 a 50) e comentários.
Continue lendo a Fazia Poesia.
